6. Espaços Sagrados

Nó Celta

Espaços sagrados que começam a transparecer
Tal como a névoa que se dissipa além das fronteiras,
Onde honramos os Deuses com devoção e respeito…
No bosque, nas águas e no centro do próprio ser.
Por Rowena Ferch Aranrot.

Este pequeno poema nos faz refletir como a ligação entre o sagrado e o mundano é muito estreita na visão druídica, chegando a ser quase impossível separar o profano do espiritual ou o divino dos aspectos comuns da sociedade. Podemos observar que a natureza é um fator essencial na sacralidade de um local de culto. E o que torna todo este processo sagrado são os pensamentos, palavras e ações emitidas por cada um de nós numa visão religiosa.

Sabemos que alguns locais druídicos possuem características especiais, como os montes, rochas, árvores, lagos, poços, fontes e rios, constituindo assim, uma passagem entre os mundos. Essas passagens, consequentemente, irradiam uma vibração muito forte, conhecidas como “correntes telúricas”, que são correntes elétricas de baixa frequência que se movem através do subsolo ou do mar, irradiando energias que nos conectam às forças cósmicas.

Quantas vezes sentimos essa sensação de paz ao entrarmos num local como esse?

Os espaços sagrados estão presentes nos gigantescos blocos de granito, em construções megalíticas como Stonehenge que, empiricamente, eram utilizados como captadores de correntes telúricas. Lembrando que os antigos druidas não construíram Stonehenge – sítio arqueológico localizado nas planícies de Salisbury, Inglaterra – eles, possivelmente, utilizaram-no para fins religiosos, bem como para a previsão de acontecimentos e eventos astronômicos, como eclipses e mudanças das estações do ano.

Os círculos de pedras eram conhecidos como “Cromlech”, considerados como locais sagrados ou santuários ao ar livre. As forças sobrenaturais, para os celtas, eram fenômenos naturais que não podiam ser ignoradas, pois toda árvore, montanha, pedra ou fonte possui seu próprio espírito divino, conhecido como “numen” ou “numina” (no plural), termo em latim que significa presença divina ou força vital.

As árvores constituem o elo entre a Terra e o Céu e os druidas oficiavam seus cultos próximos a elas, em bosques ou clareiras, chamadas de Nemeton – do proto-céltico e do galo-britônico que significa “lugar sagrado”. O arqueólogo T. G. E. Powell menciona no livro “Os Celtas” que as palavras Fidnemed e Nemeton representavam o “Bosque Sagrado”. Local reservado à conexão com os Deuses, ancestrais e os espíritos da natureza.

Os nomes em irlandês Nemed e Bilé têm a mesma correspondência de “santuário ou sagrado”. Bilé representa uma árvore ou um pilar de sustentação da área de ritual e nos cultos domésticos com foco reconstrucionista. Podemos dizer que os espaços sagrados não são feitos e sim encontrados intuitivamente e que nem tudo é sagrado, mas ficará impregnado ao nos conectarmos constantemente com a energia local e consagrá-la ao divino.

Reserve um local em sua casa ou, se preferir, encontre um lugar ao ar livre e crie o seu “Nemeton”, altar ou santuário dedicado às divindades, ancestrais e espíritos da terra. Coloque ao redor componentes correspondentes aos Três Reinos: Céu, Terra e Mar, e faça uma pequena oferenda a eles. Quanto mais contato tiver com este espaço, mais sagrado ele se tornará durante suas práticas pessoais.

Veja também: Altar Pagão – Ceisiwr Serith

Rowena A. Senėwėen ®
Pesquisadora da Cultura Celta e do Druidismo
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