A Canção de Amergin

Nó Celta

Amergin é filho de Mil, chefe dos Milesianos que lutou contra as Tuatha Dé Danann, descrito no “Lebor Gabála Érenn – O Livro das Invasões”.

Considerado um grande druida local, “Ollamh” – título que literalmente significa “Mestre” – cada tuath ou tribo tinha o seu próprio “Ollamh”. Ao pisar no solo irlandês, Amergin entoou uma canção/encantamento em forma de poema, reivindicando as terras da Irlanda. A seguir, uma adaptação da Canção de Amergin.

“Eu sou o vento sobre o mar.
Eu sou a onda do oceano
Eu sou o rugido das ondas,
Eu sou o poderoso boi de combate,
Eu sou o gamo das sete batalhas,
Eu sou o falcão no penhasco,
Eu sou a gota de orvalho no raio de sol,
Eu sou o javali selvagem,
Eu sou o salmão da sabedoria,
Eu sou o lago da planície,
Eu sou a força da palavra,
Eu sou a lança certeira,
Eu sou o fogo que cria o pensamento.
Quem ilumina a pedra da montanha, se não eu?
Quem mostra o lugar onde o pôr-do-sol se deita?
Quem conhece as idades da lua, se não eu?
Quem chama o gado de volta para casa do rei?
Quem nomeia as cachoeiras, se não eu?
Quem é o Deus da forma, da batalha e das armas?
Quem sabe o segredo da fortaleza, se não eu?”

Suas palavras são como um desafio, uma inspiração divina que, na língua gaélica, é conhecida como “Imbas”, a “Inspiração Poética”, tal como a “Awen” dos galeses, um frenesi conhecido como “fogo na cabeça”, promovido por estados alterados da consciência. O poema de Amergin revela segredos druídicos, centrados numa longa jornada xamânica, rumo ao Outro Mundo e o seu retorno.

A canção de Amergin evoca os reinos do céu, da terra e do mar, com palavras de sabedoria e poder, a partir do “Eu Sou”, pois cada ser carrega em si elementos (“dúile”) que os une à natureza e os Deuses, ou seja, a integração do homem com o ambiente que o cerca. Interligados como um nó celta.

Letra em gaélico:
“Am gaeth i m-muir
Am tond trethan
Am fuaim mara
Am dam secht ndirend
Am séig i n-aill
Am dér gréne
Am cain lubai
Am torc ar gail
Am he i l-lind
Am loch i m-maig
Am brí a ndai
Am bri i fodb fras feochtu
Am dé delbas do chind codnu
Coiche nod gleith clochur slébe
Cia on co tagair aesa éscai
Cia du i l-laig fuiniud gréne
Cia beir buar o thig tethrach
Cia buar tethrach tibi
Cia dám, cia dé delbas faebru a ndind ailsiu
Cáinte im gai, cainte gaithe.”

As Tuatha de Danann foram derrotados e obrigados a recuar para o Outro Mundo, através de colinas subterrâneas, o Sídhe, muito além mar, graças a um feitiço de invisibilidade de Manannán. A Irlanda foi dividida entre os irmãos de Amergin, Érimón, que governou o norte e Finn Éber, o sul.

E encerra-se, assim, mais um ciclo dentro da epopeia celta e as Tuatha Dé Danann aparecerão em muitas outras histórias séculos adiante, comprovando sua existência divina e imortal. Que assim seja!

Rowena A. Senėwėen ®
Extraído do livro Brumas do Tempo
Todos os direitos reservados.


Direitos Autorais

A violação de direitos autorais é crime: Lei Federal n° 9.610, de 19.02.98. Todos os direitos reservados ao site Templo de Avalon e seus respectivos autores. Ao compartilhar um artigo, cite a fonte e o autor. Referências bibliográficas e endereços de sites consultados na pesquisa, clique aqui.

"Três velas que iluminam a escuridão: Verdade,
Natureza e Conhecimento." Tríade irlandesa.

Nó Celta

Cat